Uma guinada nas suas ideias

quarta-feira, 15 de abril de 2009


Capítulo 2

Entre os piratas


Melchior acordava do desmaio, ainda estava atordoado, a cabeça doía, sua visão estava turva, aos poucos foi se recuperando.
Quando a consciência lhe veio por completo, sentiu um misto de medo e de raiva, medo pela situação em que estava e raiva de fugir do palácio, seu pai estaria muito furioso, ou muito decepcionado? o herdeiro do trono capturado por piratas.
Aquele era um lugar fétido, escuro, a única luz era a que passava por uma fresta no teto, apesar de toda aquela escuridão, pode perceber que estava em um porão de navio, havia caixas repletas de cereais, comida, barris com o que parecia ser água doce, Melchior estava acorrentado a uma coluna.
Viu logo á sua frente uma escada que dava para uma portinhola, imaginou que quando aquela porta se abrisse estaria em sérios apuros.
Pouco tempo depois a maçaneta girou e a porta se abriu, seu coração saltava dentro do peito, duas figuras desceram as escadas, um mero um senhor de meia idade, cabelos longos e despenteados, barba branca e comprida, o outro era um jovem, olhos escuros meio tristonhos, seu rosto tinha um semblante, vestia uma calça de um tecido velho e um colete branco.
__ vamos o capitão quer vê-lo
Ouvir aquilo causou em Melchior um frio na espinha.
O desacorrentaram e o levaram escada a cima, quando a portinhola se abriu pode finalmente ver o sol, observou atentamente o navio, era uma bela embarcação, velas enormes e brancas, lá em cima no mastro principal um sujeito baixinho observava o oceano com uma luneta.
Canhões estavam espalhados pelas laterais, a tripulação não deu muita atenção ao visitante, cada um se ocupava com uma tarefa, uns faziam a limpeza do convés, outros cuidavam da manutenção das velas, e lá na popa estava o timoneiro, talvez a figura mais importante de toda a tripulação.
Percebeu que o estavam levando na direção de uma cabine, ela tinha uma janela ampla com vitrais coloridos e ornamentos entalhados na madeira, uma porta ao lado onde estava escrito capitão, nas laterais havia duas escadas, uma de cada lado que levavam para a parte de cima onde estava o timão.
Quando na cabine, o capitão estava em pé empunhando uma espada de esgrima, com a qual desferia golpes em todas as direções, como se estivesse treinado para um combate.
Aquela era uma verdadeira cabine de luxo, em um dos cantos havia um baú aberto, cheio de moedas de ouro, jóias, dobrões, um tesouro incalculável.
No centro da cabine havia uma mesa com vários mapas espalhados e uma bússola dourada sobre eles.
__ vamos homens saiam deixem-me a sós com ele, como foi a sua estadia em nossos aposentos?
Melchior pensou que seria melhor permanecer calado.
__ não vai me responder nada? Está bem..., percebo que pelos seus trajes, você pertence a uma família nobre, tenho algo que acho que você vai reconhecer.
Retirou de um dos bolsos um cordão de couro, com um pingente que parecia uma moeda de prata, em um dos lados estava gravada a figura de uma sereia e do outro, uma ancora, de repente veio à mente de Melchior lembrança do momento em que recebeu aquele colar das mãos de sua mãe.
Ela era uma mulher muito bela, seus olhos eram negros, todos diziam que os olhos de Melchior se pareciam com os dela, cabelos castanhos, rosto comprido, lábios carnudos e rosados, se chamava rainha Ágata.
Os dois estavam numa praia, ela sempre foi apaixonada pelo mar.
__ Melchior, eu tenho algo para você
__ um presente mãe?
__ sim, um presente, feche os olhos e me dê uma das suas mãos.
Melchior fez o que ela pediu, quando abriu os olhos viu aquele cordão em sua mão.
__ Eu quero que guarde esse colar com você sempre, e sempre que olhar para ele lembre-se de mim. (Aquelas palavras soaram como uma despedida)
As lembranças que vieram em seguida não foram tão felizes, pouco tempo depois a rainha ágata morreu acometida de uma doença desconhecida.
Os pensamentos de melquior foram interrompidos pelas palavras do capitão.
__ venham homens levem-no daqui, depois eu penso o que farei com ele, por enquanto dêem e um esfregão a ele, e o coloquem para limpar o convés.
Quando eles saíram, Marmud apertou o pingente em sua mão e pensou consigo mesmo.
__ como posso fazer algum mal a ele, ele é filho dela, desde o momento que o vi eu percebi a semelhança, mas depois de ter visto esse colar, não tenho mais dúvidas, como esse mundo é pequeno, nunca pensei que retornando aquela ilha, esse passado que me persegue, iria me atacar tão duramente.
Sentou-se e olhou profundamente aquele colar, as lembranças vinham como uma torrente de imagens e sons.
Lembrou-se de um tempo em nem imaginaria que um dia poderia se tornar um pirata.
Estava sentado com uma jovem donzela, seu nome era Ágata, seus cabelos castanhos balançavam levados pelo vento, o sol iluminava o seu rosto branco com sua pele branca, seus olhos negros e grandes, seus lábios carnudos e rosados.
Estavam sentados na areia da praia, onde se encontravam às escondidas, em baixo de uma palmeira, ele ainda não tinha aquela aparência que a vida de pirata tratou de forjar, era apenas um jovem pescador, com cabelos castanhos e meio encaracolados, olhos tímidos, corpo esguio.
Aquela jovem era filha de um dos nobres das ilhas do norte e ele filho de um pescador.
Os dois se encontravam todas as manhãs, sempre que ela conseguia dar um jeito de se desvencilhar das criadas, que o pai insistia que a acompanhasse, ela estava prometida ao príncipe Omar, futuro rei.
Os dois se encontraram no mesmo lugar de sempre, ele a tomou nos braços e beijou-a longamente.
__ temos que acordar desse sonho (ela falava com os olhos marejados)
__ eu jamais irei esquecer os nossos momentos juntos, eles foram os mais felizes que tive na vida.
__ eu quero que fique com isso, para que jamais se esqueça desses momentos.
Ele tirou do bolso aquele mesmo colar, o colocou sobre a palma da mão dela e se despediu comum beijo, não falaram mais nenhuma palavra, ela ficou ali sentada, o vendo partir, daquele dia em diante o coração dele não seria mais o mesmo, a raiva que sentia por não poder ficar com a mulher que amava o transformaram em um homem desprovido de sentimentos.
Aquelas imagens foram guardadas no lugar mais recôndito da sua mente, eram imagens de um passado distante, que foram trazidas de volta com a visão daquele rapaz.
Daquele dia em diante Melchior não foi mais tratado como um prisioneiro, mas como parte da tripulação, o capitão fazia questão de que ele fosse tratado bem, ele não entendia o porquê daquela mudança, achou melhor não contrariar, por medo de sofrer represália.
Como era de costume, entre aquela tripulação, todos os marinheiros tinham uma tatuagem no braço, havia chegado a vez de Melchior, ele escolheu o desenho de uma pequena lua negra e uma estrela, foi um momento doloroso, a tatuagem foi feita com agulhas grandes e afiadas, a tinta ardia, para limpar lavaram o ferimento com um pouco de rum, Melchior não imaginava o quanto aquele ato seria decisivo para o seu futuro.

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2 Comentários:

Blogger Unknown disse...

mt massa...cada vez mais contagianteee...adorooooo

15 de abril de 2009 às 06:39

 
Blogger Unknown disse...

Estou gostando muito dessa história, principalmente agora que começou a ficar mais interessante de ler, espero que continue assim. Parabéns.

15 de abril de 2009 às 08:04

 

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